quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Nossa velha Itapira

- TEMPOS SAUDOSOS -
Plínio Magalhães da Cunha

Nossa velha Itapira
Vista parcial de Itapira em 1917, obtida do pátio da Santa Casa pelo exímio fotógrafo da época – Bartholomeo Serracino. Nesse panorama da cidade, nota-se a partir da esquerda para a direita: a Matriz de Nossa Senhora da Penha, na praça dr. Bernardino de Campos, encimada por duas torres. Mais à direita, aparece a torre da Igreja Presbiteriana, situada à rua Campos Salles, e, logo a seguir, o belíssimo prédio do tradicional Grupo Escolar “dr. Júlio de Mesquita”, e, mais acima a famosa caixa d’água do Parque Municipal “João Pessoa”, hoje “Juca Mulato”, ostentando seu belo arvoredo. Por último, lá no alto da arborizada Rua Ruy Barbosa, o vetusto prédio da Cadeia, hoje ocupado pela Casa da Cultura “João Torrecillas Filho”, numa justa homenagem ao saudoso músico, historiador e memorialista de nossa terra, que sabia muito bem enfeitar e colorir aos domingos as páginas do jornal “Cidade de Itapira”, com sua inigualável coluna intitulada “NO TEMPO DA VOVÓZINHA” assinada com o pseudônimo de “JOÃO DO NORTE”.

Outra foto parcial de Itapira obtida do prédio da Estação da Companhia Mogiana de estrada de Ferro, mostrando em primeiro plano, a porteira usada para dar vazão às cargas provindas de diversas cidades com destino ao nosso município, através dos enormes vagões, puxados com aquele som característico da saudosa “Maria Fumaça”. Essas composições ferroviárias atravessavam algumas ruas de nossa cidade, e por essa razão, o maquinista jamais se esquecia de fazer soar o estridente apito a cada passagem de nível, alertando aos transeuntes mais desavisados para olharem a famosa tabuleta com os dizeres: “Pare, Olhe e Escute”. 
Ainda no alto da foto, a começar da esquerda para a direita, vê-se a cobertura do prédio do Grupo escolar “dr. Júlio de Mesquita”, a caixa d’água do Parque Municipal e o prédio da cadeia.

A Pinguela do Ribeirão da Penha

- Tempos Saudosos -
Plínio Magalhães da Cunha

A Pinguela do Ribeirão da Penha
Construída no início do século passado, por volta de 1917, serviu por muitos anos como um importante meio de ligação entre o centro da cidade com o bairro do Cubatão e adjacências.
Essa pequena ponte que unia as duas margens do ribeirão – construída com madeira de lei – servia para sustentar o vai e vem daqueles que necessitavam utilizá-la rumo ao centro da cidade e vice-versa.
Era considerada de grande utilidade, pois, realmente, encurtava bastante o percurso do usuário para chegar rapidamente ao local desejado, principalmente os trabalhadores que se dirigiam às fábricas, ao comércio, ou mesmo aos jovens estudantes em busca do saber nas poucas escolas existentes na época em nosso município.
Os caminhos mais fáceis àqueles que precisavam alcançar a pinguela, provindos do centro da cidade, era através da ladeira São João, onde está até hoje desafiando a ação do tempo o famoso escadão; ou através do final da Rua Conselheiro Dantas, outra “barroqueira”. Podia-se ainda utilizar a ladeira do Cubatão, hoje com o nome de Rua Adelelmo Boretti, em homenagem ao fundador da indústria de bebidas “alcoólicas e espumantes”, ali localizada.

A foto acima mostra em toda sua amplitude, a famosa pinguela, volteada de terrenos bastante íngremes, formando um imenso vale. Pode-se ainda ver o saudoso prefeito Caetano Munhoz dirigindo pessoalmente seus auxiliares na reforma da pequena ponte.
Caetano Munhoz governou Itapira no período de 1938 a 1942, e de 1956 a 1959.
Diariamente era visto percorrendo à pé, ou em seu carro particular, vistoriando e fiscalizando as obras em andamento no município, a fim de evitar transtornos, ou mesmo prejuízos para os cofres públicos.
Com aquela sua lhaneza que lhe era peculiar, atendia com respeito e presteza as legítimas aspirações dos munícipes.
Caetano Munhoz deixou muitas obras importantes em nosso município, dentre elas citamos a criação do nosso querido Ginásio de Estado, o primeiro estabelecimento de ensino secundário de Itapira – no ano de 1939.
Para o êxito dessa preciosa conquista à população estudantil de nossa terra, destacamos com justiça o valioso auxílio e o empenho junto às autoridades estaduais, do benemérito itapirense, o saudoso  Comendador Virgolino de Oliveira, que sempre se fez presente nas justas causas de seu povo e de sua querida Itapira.

Barbearia de Itapira - 1920

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Plínio Magalhães da Cunha

Barbearia de Itapira - 1920
Salão de barbeiro pertencente ao sr. Almintare Gilberti, instalado na antiga rua da Estação, hoje José Bonifácio. Esse salão era um dos melhores e mais bem montados da cidade.
As duas cadeiras eram estofadas em couro, a fim de oferecer um melhor visual e conforto à sua exigente clientela.
Nessa época existiam apenas dois salões no centro da cidade; o da foto em tela e outro do sr. Amadeu Bucci.
O leitor poderá notar à frente, ao lado de uma das cadeiras, o proprietário do salão, Almintare Gilberti, e, mais atrás, o seu auxiliar.
Os armários que guarneciam o ambiente eram impecáveis e luxuosos, adornados de espelhos de cristal com acabamentos em mármore, inclusive o da pia, cuja torneira era niquelada.
Nas prateleiras dos armários, estavam bem visíveis aos clientes, vidros de loções, sabonetes, perfumes e outros artigos inerentes ao ramo de barbearia.
Nota-se ainda, chamando a atenção por causa do seu tamanho, uma lâmpada incandescente, e, ao seu lado, um lampião a querosene preso ao teto por correntes, pronto para ser usado na falta de energia elétrica.
Nota: à guisa de curiosidade, informamos que, a luz elétrica pública em Itapira foi inaugurada em 14 de maio de 1905, com muita festa, precisamente às 18:30 horas, contando com a presença das autoridades locais, de convidados especiais e do público que também prestigiou o evento.

O sofrido Ribeirão da Penha

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Plínio Magalhães da Cunha

O sofrido Ribeirão da Penha
Na foto acima, uma vista parcial desse verdadeiro herói de nossa terra nos idos de 1920, vendo-se a antiga represa que conseguia a duras penas segurar a fúria da correnteza – principalmente na época das chuvas.
- O que seria do nosso município, desde os tempos mais remotos, se esse ribeirão não existisse?
Mas ele continua firme, embora ostentando seus meandros cansados e ainda judiados por aqueles que arremessam costumeiramente em suas águas, toda espécie de detritos, fazendo de seu leito uma imensa lata de lixo!
Agora pergunto:
- E os responsáveis por esse crime ecológico, por essa barbárie, onde estão? Será que não há nada a fazer para coibir tais desmandos?
    Uma sugestão: que as autoridades competentes determinem uma fiscalização mais rígida – multando os infratores, inclusive determinando a lavratura de boletim de ocorrência e também divulgando os nomes dos irresponsáveis ou dos mandantes através da imprensa.

O futebol de Itapira em 1908

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Plínio Magalhães da Cunha 

O Futebol de Itapira em 1908
Esta foto centenária de meu acervo é uma verdadeira relíquia, pois retrata o esquadrão do Sport Club Itapirense como era em 1908.
Interessante notar que, todos os craques daquela época trajavam uniformes impecáveis, inclusive usando camisa de gola fechada (tipo colarinho) e gravata. As chuteiras eram as chamadas botinas, parecidas com os sapatões de hoje.
O Sport Club Itapirense tinha até o luxo de possuir dois uniformes: o primeiro, camisa preta e gravata, com o calção branco e meias pretas.
O segundo uniforme era camisa branca, gravata, calção branco e meias pretas.
Conseguimos identificar apenas alguns jogadores do clube: sentados, o segundo da primeira fila, da esquerda para a direita, é João Batista Cintra, o conhecido Joanico Cintra – um verdadeiro craque do passado – pai da professora Terezinha Pupo Cintra; o quarto, na mesma ordem, de uniforme branco, com um pé sobre a bola, é meu tio Aristides Vieira de Magalhães; logo atrás de Aristides, outro tio, Mário Vieira de Magalhães, e atrás do Mário, está outro parente, Francisco Vieira (cel. Chico Vieira) grande esportista da época e um dos fundadores do Sport Club Itapirense, que empresta o seu nome ao Estádio Municipal de nossa terra, tendo ao seu lado esquerdo, de bigode (mas sem o seu famoso cavanhaque), o advogado Mário da Fonseca, fundador do jornal “Cidade de Itapira” em 1907 – tio-avô do Toy e do Betuska Fonseca.
NOTA: Infelizmente não conseguimos identificar outros jogadores, inclusive o cidadão de chapéu-côco, terno escuro e colete, apoiado elegantemente em sua bengala.

A carrocinha do Leite

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Plínio Magalhães da Cunha

A carrocinha do Leite
O calendário girava pelos anos 20, depois da primeira grande guerra e da misteriosa gripe espanhola. Em Itapira, a distribuição de leite transcorria naquele processo empírico, manual e caseiro, como em todo o Brasil. Nenhum estabelecimento ousava comercializar o leite, nem distribuí-lo. A tarefa se concentrava nas carrocinhas românticas, rodas de ferro, que ainda por cima executavam o murmúrio rítmico  das engrenagens ressequidas. O leite vinha, portanto, em garrafas de cores variadas, arrolhadas com palha de milho. Latões abastecidos tinham uma torneirinha adaptada, no terminal da carroça, para facilitar o serviço do entregador. A cada parada, a torneirinha era aberta, ficando a rua de chão batido com os respingos da sobra. Na foto de hoje, uma dessas carrocinhas estacionada em frente ao prédio do Coronel Francisco Vieira mostrando o gradil daquela residência. À esquerda, mais ao fundo, a mansão do Capitão Adolpho de Araújo Cintra, que ainda lá permanece como sentinela avançada do início da Rua Regente Feijó. E, do lado direito, as obras para a construção da casa do fazendeiro João Baptista Pereira, hoje residência da família do saudoso  médico José Alberto de Mello Sartori, ali na confluência com a Comendador João Cintra.
Finalizando, lembro aos saudosistas que, este conto é de um passado remoto – dos meus tempos de menino – transformado num quadro vivo em forma de pensamentos. De uma época entrelaçada ao futuro, mas despertada pelo presente no enigma do tempo. É a vida!

Avenidas do Parque e do Cruzeiro

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Plínio Magalhães da Cunha


 
Avenidas do Parque e do Cruzeiro
Fotos obtidas em 1917, mostrando como se apresentavam as duas belíssimas avenidas de nossa Itapira antiga, ambas situadas no interior do Parque “João Pessôa” hoje “Juca Mulato”.  A primeira foto é da célebre Avenida dos Birís, cantada em prosa e verso pelos itapirenses que a conheceram desde a inauguração do parque em 1902. Mais tarde, em 1921, essa avenida recebeu a auspiciosa visita do presidente Washington Luiz Pereira de Souza, quando naquele local – diante da visão panorâmica que ali descortina – proferiu a famosa frase: “ITAPIRA, A LINDA”, que até hoje ecoa no coração do povo de nossa terra, como também ao longe, no velho espigão azul da Mantiqueira.
A outra avenida, a do Cruzeiro, era margeada de ambos os lados por viçosos ciprestes, e com o seu leito central artisticamente decorado com cascalhos brancos e negros, formando arabescos de grande efeito visual. Hoje, em nome de um progresso canhestro, sem nenhum senso de responsabilidade, simplesmente desapareceu, nada restou, deixando apenas lá no alto, isolado do parque e num local taciturno, aquele importante monumento histórico erigido em 1902, na passagem do século, como o símbolo da fé do povo de nossa querida Itapira.
Finalizando, lembro que, um povo sem história não existe, e uma cidade que não procura preservar o seu passado, perde o pé no presente e não deixa acontecer o futuro.

Semana da Pátria e o 7 de Setembro.

- TEMPOS SAUDOSOS -
Plínio Magalhães da Cunha


Semana da Pátria e o 7 de Setembro
O Museu Histórico e Pedagógico “Comendador Virgolino de Oliveira” – em 1984 – comemorando festivamente a Semana da Pátria e a magna data nacional, o 7 de setembro.
Na oportunidade, como acontecia todos os anos, era montada no salão nobre daquele órgão – quando ainda estadual – uma exposição temporária alusiva ao evento, ocasião em que era visitada por estudantes e pelo público em geral.
Essas exposições eram também apresentadas nas principais datas históricas, quando os alunos dos estabelecimentos de ensino compareciam acompanhados de seus professores, em visitas programadas entre o museu e a escola.
O motivo primordial dessas exposições era a de permitir a visualização do fato histórico em três dimensões, encerrando, assim, um poder didático sem rival. Isso acontece porque os museus são instrumentos insubstituíveis no campo histórico, tanto para o trabalho didático e educativo, como também à divulgação do passado, preservando os elementos – fatos, peças e documentos – que irão facultar ao instituto a sua função cívica e cultural, de aviventador da memória nacional.
Nas fotos acima, dois aspectos do Museu Histórico e Pedagógico, que tem como patrono o benemérito itapirense Comendador Virgolino de Oliveira.
Na primeira, vê-se uma exposição temporária de peças, documentos e uma panóplia com as treze bandeiras históricas que tremularam em solo de nossa pátria; a outra foto – em continuação do salão nobre – a sala em homenagem aos prefeitos que administraram Itapira desde 1892 até o último, além de documentos importantes sobre nossa terra.
De certa feita, conversando com um velho amigo e colega da Secretaria de Estado da Cultura, nos anos 70, o poeta e escritor Paulo Bomfin, membro da Academia Paulista e Brasileira de Letras, perguntei-lhe: como você definiria de uma forma bem sucinta um museu?
Ele então, sem pestanejar disse-me: “MUSEU É A MEMÓRIA DE UM POVO... NELE O PASSADO É ETERNO”.
Em poucas palavras disse tudo!

1989 - Dupla Efeméride.

- TEMPOS SAUDOSOS -
Plínio Magalhães da Cunha

 
Dupla Efeméride - 1989
Quando Itapira comemorou em 1989, 169 anos de fundação, o Museu Histórico e Pedagógico “Comendador Virgolino de Oliveira”, também festejou o seus 15 anos de existência.
Para relembrar o duplo acontecimento, o nosso museu Histórico participou ativamente das festividades programadas, dentre elas, fez uma sugestiva exposição de documentos e fotos de ITAPIRA DE TODOS OS TEMPOS, ocasião em que recebeu um numeroso público inclusive autoridades e a classe estudantil.
Na foto em tela, obtida no salão nobre daquele modelar Instituto Cultural de nossa terra, eis um “flash” de vereadores da Câmara Municipal de Itapira que ali se fizeram presentes. Da direita para a esquerda: professor Orlando Dini, que estava acompanhado de sua irmã Laura Dini Tonini – do suplente de vereador Oswaldo Custódio – vereadores Nelson Caporalli – Antonio Orcini (Presidente da Câmara) – Dimas Salles Rocha – Sebastião Manoel – Dirceu de Oliveira – ex-vereador Antonio Cescon e o diretor Plínio Magalhães da Cunha, que recebeu os ilustres visitantes às 9:00 horas do dia 24 de outubro de 1989 – após o hasteamento das bandeiras ao som do Hino Nacional, defronte ao prédio daquele órgão cultural, que guarda, preserva e difunde o seu rico acervo histórico.