sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Um Pouco da História do Ginásio do Estado de Itapira - IEESO.

- TEMPOS SAUDOSOS -
Plínio Magalhães da Cunha

O Ginásio do Estado de Itapira

Esta foto é do primeiro prédio ocupado pelo Ginásio do Estado, situado à rua João de Moraes 490, onde hoje está alojada a Prefeitura Municipal. Foi o primeiro estabelecimento oficial de ensino secundário de nossa terra, criado por decreto estadual nº 10.709, de 21 de novembro de 1939, graças aos ingentes esforços e dedicação do prefeito Caetano Munhoz e do benemérito itapirense Comendador Virgolino de Oliveira. O início das aulas do nosso Ginásio do Estado foi a partir de 16 de fevereiro de 1940, logicamente após a realização dos exames de admissão ao Ginásio em janeiro do mesmo ano. Esses exames aconteceram no prédio do Grupo Escolar “dr. “Júlio Mesquita”, em razão de que o da Rua João de Moraes ainda estar em reforma para receber o nosso Ginásio no início do ano letivo, sob a direção do professor Péricles Galvão, seu primeiro diretor. Lembro-me também do meu primeiro dia de aula em 16 de fevereiro de 1940, quando eu contava apenas 13 anos de idade. Se eu pudesse anotar tudo o que senti naquele dia, daria para preencher o único caderno que eu levava, pois seria um mundo de indagações e de novidades.

A partir de 1952, o Ginásio do Estado deixou de funcionar no prédio da Rua João de Moraes, para ocupar em definitivo um próprio estadual recém construído na Praça Mogi Mirim. Por decreto de 04 de setembro de 1952, o Ginásio do Estado recebeu o nome de Colégio Estadual e Escola Normal “Elvira Santos de Oliveira”, numa homenagem póstuma à esposa do benemérito itapirense, Comendador Virgolino de Oliveira. Mais tarde, a 06 de setembro de 1958, recebeu a denominação de Instituto de Educação “Elvira Santos de Oliveira” (IEESO) e, finalmente – Escola Estadual do 1º e 2º graus “Elvira Santos de Oliveira”. Quantas gerações de itapirenses já passaram por aquele tradicional estabelecimento de ensino de nossa terra, que irá completar a 21 de novembro deste ano, 71 anos de existência. Não é a vida que passa, porque somos nós que passamos por ela com destino ao desconhecido.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Estradas de Itapira

- TEMPOS SAUDOSOS -
Plínio Magalhães da Cunha

Estradas de Itapira
As estradas vicinais de Itapira eram consideradas regulares em relação às existentes na região. Somente a partir de agosto de 1904, é que a Câmara de Vereadores – que garantia os serviços de conservas – sentiu a necessidade de fomentar o escoamento das riquezas do município, aprovando um adendo à lei em vigor, passando a conservação permanente das estradas para a administração direta da Prefeitura Municipal. Diante desse novo expediente, todas as estradas que compunham a malha viária do município foram mensuradas e divididas em setores, e a conservação de cada setor foi posta em concorrência pública por meio de editais. Os concorrentes com preços mais vantajosos foram os escolhidos. Com essa medida adotada, os serviços passaram a ser executados permanentemente pelos empreiteiros ou “conservas”, conseguindo assim o efeito desejado. Diante do aumento do volume de serviços executados, houve necessidade da Prefeitura adquirir um caminhão, e mais tarde um trator da marca Ford, melhorando sensivelmente o andamento das obras a serem executadas. Na verdade as nossas estradas não eram consideradas de “primeira classe” como as mantidas pelo Governo do Estado, mas suficientes para manter um livre trânsito dos 54 automóveis registrados na Prefeitura Municipal.
Em 1917, as estradas mais conservadas eram: a de Itapira a Lindóia e Monte Sião; de Itapira a Eleutério e Sapucaí de Minas, com 23 quilômetros de extensão; a de Itapira ao Salto, com 18 quilômetros; de Itapira ao bairro do Rio do Peixe; de Itapira a Mogi Mirim, cujo trajeto de 12 quilômetros era percorrido em 25 minutos; a de Itapira a Amparo, além de outras estradas menores, mas de grande utilidade.

                   Trecho da estrada ligando Itapira a Lindóia.

 Trecho da estrada ligando Itapira a Eleutério, vendo-se ao fundo como era nossa cidade em 1917.

Quanto às vias férreas, aproveito este “gancho” para lembrar que nossa cidade estava ligada à Viação Geral da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, pelo ramal de Itapira, inaugurado a 30 de julho de 1882. Esse ramal partia de Mogi Mirim, atravessava de oeste para leste todo o nosso município, até alcançar a Estação de Sapucaí de Minas, onde fazia junção com a Estrada de Ferro da Rede Sul Mineira. Eram 49 quilômetros percorridos diariamente por quatro composições ferroviárias, com baldeação nas estações de Itapira, de Barão Ataliba Nogueira, de Eleutério e Sapucaí de Minas.Os trens que percorriam o nosso ramal, dois eram mistos (carga e passageiros) e os outros dois somente para passageiros. É uma pena que tudo isso só ficou na história, enquanto algumas cidades do interior paulista preservam com carinho os trilhos e a “Maria Fumaça” fazendo sucesso no turismo.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Usina Hidrelétrica de Itapira - 1902

- TEMPOS SAUDOSOS -
Plínio Magalhães da Cunha

Usina Hidrelétrica de Itapira
Por volta de 1902, Itapira foi dotada dos serviços de uma Usina hidrelétrica, de acordo com um contrato firmado entre a Câmara de Vereadores e a Usina Valentin & Borelli. Naquela época era difícil e mesmo extraordinário para uma cidade do porte de Itapira manter esse tipo de investimento, pois o poder público teria que assumir pesados ônus, o que iria refletir sensivelmente na população do município. Com o passar dos anos, diante das dificuldades surgidas e das constantes reclamações feitas pelos usuários, a Câmara de Vereadores resolveu sanar os problemas existentes adquirindo todo o acervo da Usina Valentin & Borelli pela soma de Rs.166:000$000 (cento e sessenta e seis contos de réis), importância julgada na época como razoável para o município. Essa usina hidrelétrica funcionou por muitos anos na Ponte Nova – aproveitando a fortíssima queda d’água do Rio do Peixe – e era dotada de uma turbina com apenas um gerador que produzia uma força motriz de 155HP para atender à demanda dos usuários. Assim mesmo, logo após os primeiros anos de funcionamento, ela deu lucro. No ano de 1916 havia um saldo positivo de Rs 127:897$920 a favor da municipalidade. Mais tarde, diante das novas dificuldades surgidas, apesar das várias modificações e reparos feitos por técnicos provindos de São Paulo e do Rio de Janeiro, a situação agravou-se ainda mais em relação a outros problemas, dentre eles: falta de peças para substituírem as existentes; falhas nos serviços de iluminação e no fornecimento da força motriz às indústrias, além de outros fatores que trouxeram sérios aborrecimentos e reclamações dos munícipes. Diante desses imprevistos a Câmara de Vereadores resolveu sanar de vez os problemas existentes, colocando à venda a Usina Valentin & Borelli, o que foi feito através da lei nº 03 de 18 de abril de 1917, sendo a vencedora da concorrência pública a firma The Southern Brazil Eletric Company Limited. A escritura de compra e venda foi registrada em cartório no dia 08 de julho de 1917, mediante o pagamento à Câmara municipal da importância de Rs 350:000$000 (trezentos e cinqüenta contos de réis). Naquela ocasião, a transação foi considerada vantajosa, tendo em vista que a nova proprietária elevou bastante a capacidade energética da usina itapirense, em virtude de funcionar em conjunto com a usina existente na cidade de Espírito Santo do Pinhal, considerada naquela época uma das melhores em funcionamento no interior do Estado de São Paulo. Somente para se ter uma idéia, em 1920 nossa cidade era dotada de 18 motores elétricos, cuja capacidade girava em torno de 15 a 25 HP por unidade. Diante desse fato, a iluminação pública de Itapira melhorou sensivelmente; o bairro de Eleutério também recebeu energia elétrica, sendo colocados 12 postes de madeira com lâmpadas de 50 velas em cada um, e outros melhoramentos importantes fazendo com que Itapira pudesse caminhar a passos largos rumo ao progresso nessa nova fase de vida.


As fotos mostram uma vista geral da represa que existia no bairro da Ponte Nova, medindo 77 metros de extensão, e era dotada de 4 registros para descarga.  Naquele local ainda há remanescentes da construção da Usina Valentin & Borelli.

sábado, 8 de outubro de 2011

A Velha Praça de Esportes nos idos de 1920

- TEMPOS SAUDOSOS -
Plínio Magalhães da Cunha

A Velha Praça de Esportes
Vista geral da praça do Sport Club Itapirense obtida nos idos de 1920, do alto do Cruzeiro do Parque Municipal “João Pessoa”, hoje “Juca Mulato”. Nessa foto pode-se notar a quadra de tênis – na qual identificamos três cidadãos do lado esquerdo: dr. Mário da Fonseca e o dr. Norberto da Fonseca (de chapéu). Mais atrás, o influente político e esportista de nossa terra, Cel. Francisco Vieira, que também foi prefeito por doze anos consecutivos (de 1911 a 1923), além de ter sido o primeiro deputado estadual itapirense (de 1935 a 1937). Em segundo plano vê-se o famoso campo de futebol do Sport Club Itapirense, com sua arquibancada coberta e inteiramente confeccionada em madeira de lei. Esse campo também serviu durante muitos anos, como local para as aulas da cadeira de Educação Física ministradas aos alunos do recém criado Ginásio do Estado de Itapira, desde 1940 até 1952. Lá no fundo da foto aparece o vestuto prédio que alojou por muito tempo a Cadeia Pública e o Fórum, que apesar de ser uma construção centenária (1909 a 2011) ainda permanece preservado. Nesse prédio funciona atualmente a Casa da Cultura “João Torrecillas Filho”, cujo nome foi dado numa justa homenagem a um cidadão itapirense, considerado o maior memorialista e historiógrafo de seu tempo, que durante quase meio século veiculou nas páginas do jornal “Cidade de Itapira”, a sua famosa coluna domingueira, intitulada “NO TEMPO DA VOVÓZINHA”, até hoje relembrada com saudades pela população de nossa terra.
Infelizmente, esse prédio que aparece isolado lá no fundo é o que restou dessa foto. A quadra de tênis e o velho campo de futebol foram simplesmente arrasados em épocas passadas por máquinas, políticos e engenheiros de plantão. O terreno foi loteado e vendido a particulares para a construção de residências. Ainda bem que uma grande parcela da população de Itapira resolveu “gritar” para que as administrações atuais e futuras preservem o que ainda resta do nosso patrimônio histórico, mesmo porque há legislação específica para que isso ocorra. Finalizando, lembro que o grande mal da maioria dos mandatários é querer impingir ao povo a miopia de seus pontos de vista.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Avenidas do Parque e do Cruzeiro em 1917

- TEMPOS SAUDOSOS -
Plínio Magalhães da Cunha

Avenidas do Parque e do Cruzeiro
Fotos obtidas em 1917, mostrando como se apresentavam as duas belíssimas avenidas de nossa Itapira antiga, ambas situadas no interior do Parque “João Pessôa” hoje “Juca Mulato”.  A primeira foto é da célebre Avenida dos Birís, cantada em prosa e verso pelos itapirenses que a conheceram desde a inauguração do parque em 1902. Mais tarde, em 1921, essa avenida recebeu a auspiciosa visita do presidente Washington Luiz Pereira de Souza, quando naquele local – diante da visão panorâmica que ali descortina – proferiu a famosa frase: “ITAPIRA, A LINDA”, que até hoje ecoa no coração do povo de nossa terra, como também ao longe, no velho espigão azul da Mantiqueira.
A outra avenida, a do Cruzeiro, era margeada de ambos os lados por viçosos ciprestes, e com o seu leito central artisticamente decorado com cascalhos brancos e negros, formando arabescos de grande efeito visual. Hoje, em nome de um progresso canhestro, sem nenhum senso de responsabilidade, simplesmente desapareceu, nada restou, deixando apenas lá no alto, isolado do parque e num local taciturno, aquele importante monumento histórico erigido em 1902, na passagem do século, como o símbolo da fé do povo de nossa querida Itapira.
Finalizando, lembro que, um povo sem história não existe, e uma cidade que não procura preservar o seu passado, perde o pé no presente e não deixa acontecer o futuro.