quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

História do Café

- TEMPOS SAUDOSOS -
Plínio Magalhães da Cunha

História do Café
Em 1985 houve uma visita programada entre “Museu e Escola”, pelos alunos do Anglo acompanhados das professoras Mariana do Carmo de Almeida Cintra e Maria da Penha Cintra, ocasião em que foram recepcionados no Museu Histórico e Pedagógico “Comendador Virgolino de Oliveira”, pela museóloga Maria Carmelita La Farina da Cunha.
Após percorrerem todas as exposições daquele órgão, os visitantes, defronte a um painel adredemente preparado, ouviram uma explanação sobre a história do café no Brasil. Maria Carmelita explicou desde a vinda das mudas em 1727, trazidas da Guiana francesa por Francisco de Mello Palheta, até serem cultivadas na região norte do Brasil, mais precisamente em Belém do Pará. Daí, salientou Maria Carmelita – “foram levadas para outros estados brasileiros, e a partir de 1825, surgiu um novo ciclo econômico no país”.
Para completar o tema escolhido, os alunos foram convidados a visitar a Cafeeira da Mogiana, sendo gentilmente recebidos pelo diretor Alberto Mendes, daquela modelar empresa itapirense. Depois de percorrerem todos os setores da Cafeeira, os visitantes assistiram a uma importante explanação de Mendes, sobre o ciclo cafeeiro no Brasil, quando ressaltou que, “o café, além de ter sido fonte de muitas das nossas riquezas, permitiu também alguns feitos extraordinários”. Salientou ainda que – “o café brasileiro é conhecido em todo mundo, principalmente o tipo A, qualidade do café santista, pelo fato de ser o porto de Santos um dos principais exportadores do produto”.
Mendes, muito aplaudido, após uma verdadeira aula aos visitantes, explicou também minuciosamente como se faz a seleção dos principais tipos de café, até chegar ao mercado interno e aos exportadores.
Foi realmente uma visita muito proveitosa, pois os alunos obtiveram conhecimentos interessantes sobre a cafeicultura brasileira e a importância do café na atualidade.

No Museu, Maria Carmelita La Farina da Cunha diante do painel ali preparado, quando falava aos visitantes.

O diretor Alberto Mendes, da Cafeeira da Mogiana, quando expunha aos alunos do Anglo, as principais técnicas usadas na seleção do café.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

1902 - O Cruzeiro do Parque

- TEMPOS SAUDOSOS -
Plínio Magalhães da Cunha

1902 – O Cruzeiro do Parque
Em tempos remotos, quando não se falava em ecologia e preservação ambiental, o terceiro prefeito de Itapira – de 1902 a 1905 – Jacintho Franklin Alvarenga da Cunha (meu avô), saía à frente determinando a construção do Parque Municipal “João Pessoa”, hoje “Juca Mulato”. Fez abrir a Avenida dos Birís e implantar o Cruzeiro no local mais elevado daquele logradouro público.
Nessa época o parque era todo arborizado e ajardinado com muito esmêro. Seus canteiros bem delineados e floridos ostentavam placas bem visíveis com os dizeres: “A preservação deste jardim está afeto ao público”.
Era realmente um local aprazível, convidativo para um “relax”, e muito freqüentado não só durante o dia, mas também à noite. Os itapirenses lá compareciam com seus familiares para usufruírem algumas horas agradáveis, principalmente durante o verão.
Aquele local tornou-se famoso e muito freqüentado, sendo considerado o “cartão de visita” de Itapira, o que levou o Presidente do Estado de São Paulo, Washington Luiz Pereira de Souza, quando aqui esteve em 1921, a proferir a célebre frase: “Itapira, a linda!”
Agora com a recente reforma do Cruzeiro, diga-se de passagem, um local há muitos anos abandonado pelo poder público, espera-se que essa melhoria também se extenda por toda a área do parque – atualmente muito judiada – tornando-a novamente a ser considerada um dos pontos turísticos de Itapira e da região.

Aspecto do Cruzeiro em 1902.

Hoje, após ser reformado em 2010.


Hoje, após ser reformado em 2010.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

1972 - Reencontros

- TEMPOS SAUDOSOS -
Plínio Magalhães da Cunha

1972 – Reencontros.
Quando voltei à minha querida Itapira em 1972, designado pelo governo de São Paulo para implantar e dirigir a Museu Histórico e Pedagógico “ Comendador Virgolino de Oliveira”, participei de uma recepção na Usina N. S. Aparecida, a convite de dona Carmen Ruete de Oliveira, uma criatura excepcional e amiga, que tem sob sua responsabilidade um dos mais opulentos patrimônios históricos de Itapira – a vida e a obra admiráveis de Virgolino de Oliveira.
Apresentado aos seus convidados pela gentil anfitriã, qual não foi a minha agradável surpresa quando deparei com alguns amigos, dentre eles, o prefeito Hélio Pegorari – grande administrador, homem probo e muito estimado em sua terra natal. Hélio foi meu colega de classe no tradicional Ginásio do Estado de nossa cidade.
Revi também naquela feliz oportunidade, outro dileto amigo e companheiro do Conselho Estadual de Cultura, em São Paulo – o estimado e conhecido poeta e escritor Paulo Bomfim, membro das Academias Paulista e Brasileira de Letras.
Fiquei feliz em trocar idéias com o vereador Antônio Carlos Sette, casado com minha prima Maria Amélia da Cunha Sette, ocasião em que obtive notícias da família.
Esse dia foi repleto de alegrias e surpresas agradáveis que jamais esquecerei, porque me ofereceu a oportunidade de voltar no tempo, a um passado distante, e relembrar com saudades os momentos felizes de minha infância e juventude. Do tempo dos meus pais; do tempo em que eu freqüentava aquele local aprazível, hoje enfeitado pela obra magnífica de um parente do lado paterno, de quem ainda guardo muitas recordações e saudades – Virgolino de Oliveira.
Após a morte de seu criador, essa Usina continuou a florecer, graças à têmpera de sua esposa – Carmen Ruete de Oliveira, e mais tarde, de seus filhos – Carmen Aparecida, Virgolino e Hermelindo – que unidos para um mesmo ideal, souberam com muito amor, trabalho, dedicação e perseverança dar continuidade à obra deixada pelo querido esposo e pai.
Foi realmente um dia memorável, que me deixou embevecido por tantas lembranças...

Visita à Usina Nossa Senhora Aparecida em 1972, vendo-se da esquerda para a direita: o poeta Paulo Bomfim, príncipe dos poetas brasileiros e membro das Academias Paulista e Brasileira de Letras; o saudoso prefeito Hélio Pegorari; vereador Antônio Carlos Sette e Plínio Magalhães da Cunha, diretor e implantador do Museu Histórico e Pedagógico Comendador Virgolino de Oliveira de nossa cidade.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Desfilando Lembranças - Carta de 12/04/1981 escrita por Jânio da Silva Quadros.

- TEMPOS SAUDOSOS -
Plínio Magalhães da Cunha

Desfilando Lembranças.
Carta que me emociona.
“Meu caro Plínio Magalhães da Cunha.
Fiquei sabendo de seu notável trabalho no museu, e que é parente do saudoso Caetano Álvares. Permita-me que o cumprimente, e deseje-lhe felicidades. Todos os fatos nos aproximam...
                                                                       Do,
12/4/81                                                              J. Quadros.”

Caetano da Rocha Álvares é itapirense e meu parente do lado materno. Era engenheiro e foi Secretário da Viação e Obras Públicas de São Paulo, durante o governo de Jânio da Silva Quadros.
Nessa época (1955 a 1959) eu já era funcionário de Departamento do Arquivo do Estado (por concurso). Esse Departamento foi fundado em 1721 – um dos mais antigos de São Paulo – pelo Secretário do Governo da Província, Manoel Leite Rebelo, primeiro no Brasil em arquivo histórico. Ainda é o local onde o passado revive. Foi freqüentado assiduamente por consulentes e historiadores de renomes nacionais, como Afonso de Taunay, Sérgio Buarque de Hollanda (pai do cantor Chico Buarque, amigo do querido radialista Toy Fonseca), Alfredo Ellis Júnior e tantos outros que ali buscavam através de pesquisas, subsídios para seus trabalhos de história.
Quando fui convidado em 1972 pelo governo de São Paulo para implantar e dirigir o Museu Histórico e Pedagógico “Comendador Virgolino de Oliveira”, sem pestanejar, vim com a família para Itapira, pois se tratava do Museu Histórico de minha querida terra natal e de meus ancestrais.
Lembro-me perfeitamente, com saudade, quando foi diretor do Conselho Estadual de Cultura o meu estimado amigo, pertencente à velha estirpe paulistana, o querido escritor e poeta Paulo Bomfim, pessoa excepcional com quem até hoje continuo mantendo um bom relacionamento de amizade.
Hoje, estou aqui aposentado, engolfado em minhas reminiscências dos “Tempos Saudosos”, ciente de ter cumprido com o meu dever.
Terminando, transcrevo aqui um dos Minutos de Paulo Bomfim, de seu livro “O Colecionador de Minutos”, em que diz: “As rosas murcham como a vida do homem. Guardemos nesta página a pétala de uma emoção”.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Cônego Henrique - CIDADÃO EMÉRITO

- TEMPOS SAUDOSOS -
Plínio Magalhães da Cunha

Cônego Henrique – CIDADÃO EMÉRITO
Na Sessão Solene da Câmara Municipal de Itapira, realizada em 1979 no salão de festa do Centro Comércio e Indústria – presidida pelo vereador José Ludovino Andrade – foi outorgado o honroso e merecido título de CIDADÃO EMÉRITO ao Cônego Henrique de Moraes Mattos, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à comunidade Itapirense.
Padre Henrique, como era carinhosamente chamado pela população local, era um sacerdote íntegro, inteligente, prestativo e muito estimado em nossa cidade, pois sabia muito bem cativar seus paroquianos, orientando-os quando necessário dentro dos ensinamentos cristãos.
Nasceu em 3 de maio de 1905 na cidade de Piracicaba, filho do casal Alcebíades Monteiro de Mattos e de dona Benvinda de Moraes Mattos.
Em 03 de dezembro de 1934, com 29 anos de idade, foi designado Pároco da igreja Matriz de N. S. Penha, onde permaneceu até 1982, quando faleceu, deixando uma imensa lacuna no seio da população.
Padre Henrique foi o grande responsável pela construção da nova Igreja Matriz de N. S. da Penha, que ocupou o lugar da anterior que se achava muito desgastada pela ação do tempo, cuja demolição teve início em 1955. A nova Matriz só ficou pronta em 1967 – doze anos após o início das obras, tendo sempre à frente o estimado sarcedote.
Padre Henrique também foi um assíduo colaborador do jornal “Cidade de Itapira”, sendo seus escritos muito apreciados pelos leitores, porque versavam sobre assuntos de grande alcance social. Todos os artigos eram assinados com o pseudônimo – Euzebius Ignotus.
No que se refere à parte histórica de Itapira, dirimia com muita propriedade as dúvidas sobre as datas e acontecimentos importantes, desde os primórdios da velha Penha do Rio do Peixe.
Poucos itapirenses sabem que Padre Henrique deixou também por escrito um interessante trabalho, no qual catalogou 52 capelas existentes no município, quase todas erigidas na zona rural (fazendas) descrevendo minuciosamente o local de cada uma delas, destacando o nome de santo padroeiro, o estado de conservação e as mais bonitas.
É realmente um trabalho digno de ser mostrado através de uma publicação “ipsis litiris”, para fazer parte integrante do Museu Histórico e Pedagógico “Comendador Virgolino de Oliveira”, onde já existe um rico acervo da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha.
Nota: Se Padre Henrique ainda fosse vivo, estaria completando no dia 3 de dezembro p/passado, 76 anos de paroquiato.

          Sessão solene da Câmara Municipal de Itapira, realizada em 1979 no salão do Centro Comércio e Indústria, para a entrega do título de Cidadão Itapirense ao Cônego Henrique de Moraes Mattos. Na foto, o ilustre homenageado quando agradecia a importante láurea recebida, o presidente da Câmara, vereador José Ludovino Andrade, o prefeito José Antonio Barros Munhoz, o vice-prefeito Luiz Arnaldo Alves Lima, o ex-prefeito Hélio Pegorari e o presidente do CCI, Alair Cavalaro. Ainda na foto, parte dos integrantes do Coral “Cidade de Itapira” que abrilhantou aquele importante avento.

           A nave da matriz expõe a placa de bronze.

           Lápide do túmulo na cripta da igreja.